quinta-feira, 30 de abril de 2009
Como Resistir
Como resistir?
(por Manoel, sobre o encontro de 27/04)
“O devir político da arte torna-se confusão ética em que ambas, arte e política, se esvanecem precisamente em nome da sua união.” (p.7)
O texto de Rancière nos ajudou a levantar algumas questões, a começar pelo seu próprio título (Será que a arte resiste a alguma coisa? ).
A mais importante que pincei foi esta: como resistir?
Primeiro, o pensador nos lembra do conhecido clichê do artista como rebelde avesso a tudo e a todos, para propor um paradoxo: resistir é assumir a postura de quem se opõe à ordem das coisas, rejeitando ao mesmo tempo o risco de subverter essa ordem” uma vez que “conhecemos, de resto, a dupla dependência da arte em relação aos mercados e aos poderes públicos” (p.1)
Outro ponto, ele busca situar a inumanidade (uma linguagem dissensual), citando Deleuze sobre a arte, como forma de belo - sem o “B” maiúsculo - resistente “à determinação conceitual e à atração dos bens consumíveis” (p.3). Assim, desde Kant a arte se desenvolveu num jogo de regime estético em oposição ao regime clássico ou representativo. Trata-se do movimento de saída de uma série de regras de uma natureza produtora (poiesis) e receptora (aesthesis) de matriz aristotélica* e logocêntrica para a pesquisa da experiência sensível (sensorium), mais afim aos processos vitais de percepção e criação (mimesis) não-imitativos.
Ou seja, a libertação dos sentidos do artista e de seu público, como uma ação ética e política em si mesma.
Entre Kant, Deleuze, Hegel e outros, Rancière posiciona-se numa busca por uma resistência que está a partir e para além do pensamento dos primeiros, na tensão “irresolvida”, imanente - no oposto do que transcende - e amodal entre o monumento e enlace dos sentidos, entre a estabilização e a desestabilização, a política e a arte, respectivamente.
Esta posição me parece apontar para uma nova forma de pensar o tripé entre arte-artista-público (tripé que sustenta um discurso maior? Ou que serve de base para algo por vir?) no qual desenhar os comos é um ato inacabado, no sentido do que falamos no encontro sobre utopia, uma co-existência de multiplicidades.
*Ex: a Arte Poética com os paradigmas de unidade ou continuidade (tempo, espaço, ação) da tragédia grega e como uma representação teológica do mundo.
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oi manoel.
ResponderExcluirsaudade.
como ta?
ainda tenho que te devolver san pedro(?)
elielson